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vela  por  mulheres |

blog das mulheres do mar

no céu, no mar, na terra


O que é melhor: viver no mar ou na terra?

O melhor é viver.

Seja no mar, na terra ou no céu (este último ainda não tentei. Mas quem sabe um dia terei a chance).


Vivi em um veleiro no Litoral de Santa Catarina, Sul do Brasil, por pouco mais de um ano. Aí, a vida trouxe novas oportunidades em terra. Nas terras além mar.


Deixar a vida a bordo e voltar para uma casa exigiu alguma reflexão da minha parte. Não saí correndo, saltitando de alegria. No princípio, foi uma sensação estranha. De alguma forma eu havia “vestido” meu veleiro, como me ensinaram as amigas da Vela por Mulheres. Amigas que carrego no coração para os mais distantes lugares do planeta.



Vestir um Main 34 não foi fácil. Exigiu tempo, dedicação, dinheiro, aprendizagem e determinação. Foram vários meses reformando, arrumando, adaptando, trabalhando a bordo e velejando. Foi incrível. Eu estava confortável e sair da zona de conforto pode ser desconfortável num primeiro momento. Conversei com meu marido, que escolheu viver essa ‘vida de desconfortos’ comigo. Uma vida de mudanças o tempo todo. Lembro de um comentário dele:

é um barco. É nosso barco, mas é apenas um barco.

É um bem material.

Foi bom ouvir isso naquele momento.


Sair de uma casa e ir para um veleiro ou sair de um veleiro e ir para uma casa são mudanças da vida que escolhi. Uma vida mais leve, com fronteiras mais tênues, com pessoas diferentes o tempo todo, com novos aprendizados, com novas vestimentas.



Essa liberdade de ir e vir exige, entretando, desapego. Não pensei por um segundo no desapego da casa, e tudo que havia nela. Desapegar da casa foi mais fácil que desapegar do barco. Confesso que pensei por muito tempo se venderia ou não o barco. Decidi vender.

Estou em terra e ficarei em terra pelos próximos anos do doutorado. Agora, a carga de trabalho e leitura é tamanha que não me permite vestir um veleiro de 34 pés. Talvez um dingue em alguns fins de semana e uma barraca em outros.



Quanto ao futuro, não faço a mínima ideia. Onde estarei? Em uma casa? Em um barco? Em uma árvore? É impossível prever. Só desejo estar disponível, estar aberta e leve para as boas coisas que aparecerem.

Desejo a todos e todas aqui deste blog que vivam momentos incríveis dentro ou fora das casinhas, estejam essas casas onde estiverem, na terra ou no mar.


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